quarta-feira, abril 19, 2006
Das fogueiras e outros lumes
faz hoje 500 anos que se assistiu à chacina de judeus em Lisboa, episódio da nossa História parcamente retratado no espaço público. Só tomei conhecimento deste "incidente" com a leitura há uns anos atrás d'O Último Cabalista de Lisboa, best-seller à sua escala do agora também português Richard Zimler. Foi um abanão mental, um dedo numa ferida que desconhecia. Para assinalar a data o Nuno Guerreiro, blogger clássico da nossa esfera, que eu não conheço de parte nenhuma, lançou a ideia de hoje rumar ao Rossio para acender uma vela in memoriam dos cerca de quatro mil consumidos no ódio dos gentios. Essa mesma ideia, que me parece absolutamente legítima, provocou reboliço, trocas de mimos entre blogues, acusações de manipulação, o diabo a sete. Se forem a um ou outro blogue famoso encontrarão as pistas do debate. Como disse, desconheço o Nuno, não sei se tem uma agenda política, um palm top ou um mero filofax, se é um judeu com segundas, terceiras ou quartas intenções. Simplesmente acho que teve uma óptima ideia e eu vou estar lá, a partir das 19h, tal como consta nos apelos.
Houve quem argumentasse "o que tenho eu a ver com aquilo que os lisboetas fizeram há 500 anos?" Suponho que sejam os mesmos que ignoram o Natal porque não têm nada a ver com um judeu com a mania das lideranças, nascido há 2000 anos, ou aqueles que trabalham invariavelmente no 10 de junho porque não se revêem num zarolho que escreveu umas larachas sobre ninfas e Vénus, em nome não se sabe bem de quem, do meu não foi concerteza.
Desafortunadamente, hoje também é o dia em que assinalo a morte do meu morto "mais importante", assim se pudesse atribuir uma escala de importância a quem nos foge por entre os dedos. A vela também servirá para ele, onde quer que esteja.
Este post é uma mera pausa, o disparate regressa ao agridoce dentro de momentos.