sexta-feira, abril 28, 2006

Das diferenças que fazem a diferença # 10

Intelectual do burgo que se preze educou a sua relação com a morte desde cedo, junto dos melhores exemplos de representação artística relativos a tão funesto tema. Acompanhados pelas avós/tias/madrinhas em périplos de cultura e formação da personalidade confrontaram-se com a mortalidade perante peças de génio. O terror absorvente d'O Triunfo da Morte de Dürer no museu do Prado, a luminosidade única de Salomé recebe a cabeça de S. João Baptista imaginada por Caravaggio, ali à londrina National Gallery, o drama do sacerdote Laocoonte em luta agonizante com as serpentes de Apolo, drama de desfecho trágico conhecido enquadrado na opulência do acervo vaticano. O beco sem saída da coisa mortal, a incontornável degenerescência física que todos enfrentarão, todo o sentido da Vida deglutido à sombra dos melhores mestres.
No meu caso semprei me deixei fascinar na meninice pelas máquinas de fritar moscas que povoam cafés, casas de pasto e churrasqueiras. Comercializadas pelo mítico distribuidor O Dimas conseguiram familiarizar-me também o terror das mortes em massa, com a luz hipnótica roxa, que também é uma certa forma de arte barroca, com o desfecho trágico de inocentes insectos.

Hoje cresci e tenho este blogue. Todas as coisas têm uma explicação.