Das diferenças que fazem a diferença # 7
Intelectual de boa cepa conviveu na adolescência, fase curial de crescimento, com o melhor que a educação musical tem para oferecer. Aos 15 anos já terá passado pelo incontornável Festival de Salzburgo, com correspondente visita à Ópera de Viena na mesma viagem. No caso de ter avós/tias/madrinhas mais dadas à experimentação e à libertinagem poderá ter caucionado a sua aprendizagem de melónamo com idas ao Festival de Jazz de Montreux ou ao Mardi Gras de New Orleans. Sokolov ou Jarrett, venha o destino escolha.
No meu caso lembro-me de aos 15 anos ter ido a um "Concerto Pela Paz" no Pavilhão Carlos Lopes. O pretexto era berrar qualquer coisa contra a primeira guerra do Golfo e o mito urbano dizia que os Censurados, na altura no seu apogeu, iriam actuar. Falso alarme mas ainda assim lá fui assistir aos Tropa Morta e aos Corrosão Caótica, estandartes do rock hardcore lisboeta. À guisa de intelectual de segunda linha também tive o meu baptismo de crescimento musical, materializado num pontapé de um metaleiro trintão que me fez aterrar de joelhos no meio da "pista". A partir daí fiquei baptizado e nunca mais me intimidei com "mosh" e biqueirada. Ao ponto de um par de anos mais tarde vir a perder um par de óculos numa mise en scéne [piscar de olho ao EPC] dos Sonic Youth na praça de touros do Campo Pequeno sem lamentar muito o sucedido.
Hoje cresci e tenho este blogue. Todas as coisas têm uma explicação.