sexta-feira, janeiro 06, 2006

Santo agridoce da Porta Aberta # 5

"Saí da livraria e apanhei um táxi. Ia para casa! - já não via nada, os meus olhos pareciam um scanner de baixa resolução, nem um cartaz de música e design dos anos 80 servia sequer para rir. O rádio ligado à Central balanceava entre interferências de rádio amador, pedidos de táxis a sítios de Lisboa que nunca tinha ouvido falar «Travessa dos Hungaros ao n. 12», «Rua dos Combates da Herzegovina ao nº4 - o cliente está já à espera», e um especial Romana - Reveillon, no posto de escuta da Renascença. O meu telemóvel vibra com mensagem, anunciando que a EDP é espanhola, que é agora mais competitiva. Deve ser a isto que chamam publicidade intitucional. Entramos na 2ª circular e temos fila para hora meia. O fugareiro está ao rubro. Pergunta-me se, como ele, gosto de Romana. Até penso em não o ofender, mas nem me dá tempo para responder: se houvesse algum quiz musical de certeza que ele ganhava, diz, voltando para o refrão maravilhoso «Já não sou bébé». Olho pela janela e penso que na Gronolândia estão a matar focas com tacos de baseball. Passamos por mais um cartaz do candidato bolo-rei que diz que sabe que Portugal pode vencer. É impressão minha ou ele está inclinado no cartaz, como que a libertar gazes? Às vezes tenho uma relação ódio-amor com esta cidade. Mais um amor imperfeito... ah! Vida Agridoce!"

cortesia do Ogirdor