Santo agridoce da Porta Aberta # 11
"Há uns tempos era capaz de me recordar de algumas conversas, palavra por palavra, por vezes até a roupa do meu interlocutor me ficava gravada na memória visual... Cada vez menos o consigo fazer com esta precisão... Pergunto-me se será pela idade... Por já ter acumulado tantas e tantas conversas (intensas, fúteis, profundas, superficiais, importantes, circunstanciais) estar-se-á a esgotar a memória?! Ou será por elas tenderem a ser cada vez mais profundas e intensas?! Isto também não interessa lá muito... O porquê... O que interessa para agora é que volto a sentir uma necessidade enorme de passar para o papel... Tenho medo de me esquecer do que me deu prazer de ouvir e dizer... tenho medo de não recordar as sensações que se seguiram, os pensamentos que me invadiram, as divagações que tomaram conta do meu pensamento e do meu corpo... Mesmo sendo ilusões :)"
cortesia da Ana Cunha
