terça-feira, novembro 08, 2005

Do contraditório

qualquer actividade política ou iniciativa de propaganda partidária e/ou pessoal que aconteça cá no burgo é imediatamente alvo da apreciação dos críticos e bem-falantes da nossa praça, ainda que os escolhidos para botar faladura lembrem aquelas rifas do "sai sempre", tão pouca é a rotatividade. No entanto, há uma área do exercício de Poder em que não se toca e que goza do estatuto de impunidade adquirida e não-contestação, com direito a directos de tv, a entrevistas mais ou menos esotéricas a celebridades ou simplesmente a tempo de antena para os iluminados da congregação, que até opinam sobre magrebinos e cocktails molotov. Trata-se evidentemente do poder religioso, alicerçado por estes dias numa mega-iniciativa de proselitismo que até paira em tamanho gigante na rotunda do marquês, mesmo sem túnel ou escapatórias várias. Congresso Internacional para a Nova Evangelização, eufemismo para presença totalitária nos media, nomeadamente na tv de todos os portugueses, quer eles questionem ou não as intervenções divinas e respectivas azinheiras. Para quando um ateu de serviço em estilo dominical que faça o contraditório com o homem de fé, grande humanista, analista político, comentador de ténis e triturador de livros Marcelo Rebelo de Sousa? Ou um simples agnóstico que chalaceie de manhã com o padre Borga? Ou um cristão absentista.....ou alguém que pelo menos não vá há muitos anos à missa? Pelo menos alguém, porra!