terça-feira, maio 03, 2005

As Sete Colinas num molho de brócolos

A Lisboa popular e das gentes de bairro vai desaparecendo a toda a brida, para só surgir em esplendor em inenarráveis arraiais de sardinha congelada e música de pacote. Por um lado a velha guarda desmorona-se com o peso da idade e das artroses, acompanhando a ruína do edificado. Em contrapartida, as camadas mais novas são empurradas para as rinchoas deste país, em busca de um éden feito de lareiras em país de clima temperado e de salas com 120m² com linda vista para o betão. Temos excepções de planeamento urbano com gente lá dentro, adornadas de portões com guaritas e fardas "securita" na soleira da porta, que isso de mistura com a populaça e a rua para todos já foi chão que deu uvas. Ou mesmo couratos e torresmos. Na terra das pistas de gelo, que simulam uma capital nórdica só que sem segurança social, o urbanismo faz-se túnel adentro com gente para fora. À ilharga de rampas debaixo do marquês com inclinação ao nível da montanha-russa - talvez aí esteja a solução da nova feira popular - Lisboa avança moderna sem luz ao fundo do Rúben, da Jessica ou da Verónica, todos condenados ao pára-arranca ou ao convívio de horas e horas com os inimigos do desodorizante que ocupam os (escassos) transportes ditos públicos, assim o queiram os aumentos dos passes. Também eles ditos sociais.

Serve o intróito para dar conta de uma iniciativa que tem por pano de fundo a luta contra a demolição do Cinema Europa, exemplo sintomático desta cidade em que o património é tratado com os joelhos. Dizer que é tratado com os pés era demasiado positivo, pois com eles trabalhava Maradona e era um mimo de se ver.

Segue a prosa pela pena da Sara do Beco das Imagens:

"Car@s bloggers,

venho por este meio solicitar a divulgação da tertúlia
?Lugares de partilha da cultura em Lisboa e o cinema
Europa?.

Os participantes já confirmados são: Eduardo Nery
(artista plástico), Henrique Cayatte (designer),
Guilherme Valente (editor), Rui Pereira (Ass. Zero em
Comportamento), José Mário Silva (jornalista),
Alves de Souza (arquitecto), Sérgio Azevedo
(empresário / produtor de teatro) e representantes do
poder local, entre outros.

4ª feira, 4 de Maio, 21:00
PADARIA DO POVO
Rua Luís Derouet, 20
ENTRADA LIVRE

Para mais informações, passem pelo
http://soscinemaeuropa.blogspot.com".

A ver se pelo menos uma vez a Cultura da Cidade não se fica pelo "fadista alentejano" contratado pela câmara para cantar à porta d'A Brasileira em tempo estival. E já nem falo na aeróbica ao findo da Rua Garrett em registo decibel-camião. Quer dizer...falo, mas fico agoniado.