A Liberdade é uma coisa linda
"CML sem planos para o 25 de Abril", noticia o DN na edição desta 3ª feira, dia de Feira da Ladra. Após o número 30, redondo e gordo como um ovo, com evolução no lugar do R, vem o deserto de actividades, já para não falar de ideias, que essas estão mais canalizadas para karts e gelo, actividades com muita matriz histórica, sobretudo alfacinha. Se me questionarem acerca da ausência de plano até acho bom e bem, já que plano no 25 de Abril me cheira a golpe e não me apetecia nada acordar nesse dia com uma chaimite à porta e uma gigantesca efígie do Pedro Lopes a tirar-me a luz ao terraço. No fundo a gestão que guia as mulas da Cidade em registo para-a-frente-é-que-é caminho acaba por dar ponto e nó - poupa uns tostões em quadra de guerra ao défice, mesmo reformulado, e toma a Liberdade de não comemorar NADA, prerrogativa aliás que se costuma associar ao 25 do 4. Para que foi a Evolução se depois não temos a liberdade de não a assinalar? De tanto se falar nela ainda se estraga, melhor será andarmos por aí a usufruí-la, adoptando o registo sábio do errático Pedro Lopes. Não sei por onde vou mas não vou por aí, lá garatujou o poeta, que Lisboa é terra de muitos e bons. E de homens livres é do que mais precisamos, homens que não se agarrem à mesquinhez das efemérides, essa comichão nostálgica dos anos passados. A divergir está apenas a vereadora que comanda a juventude, ela própria uma jovem promissora que já é uma certeza, passe-se a contradição para a beira do prato. Organiza debates, dizem eles. Mulher livre e de impulsos soltos, também ela já tem assumido de peito aberto liberdades várias como a de sanear, verbo muito em voga nos tempos de Abril. Ela não só não o esqueceu como o praticou com as letras todas. E trouxe gente nova para o éden municipal, gente fiel e de boa cepa, a quem evitou as agruras do desemprego. Más línguas falam em factor C. Discordo e é como digo, de gente livre é que a gente precisa. Não de comemorações e fanfarras.