Um portento de filme
Ou muito me engano ou ontem à noite vi o filme do ano, rima e é verdade. Diga-se que nunca fui fã de Clint Eastwood - causa-me uma certa alergia a fanfarronice à Dirty Harry, a pose de cowboy durão e implacável, seja no faroeste, seja nas selvas de pedra. Contudo tenho seguido as últimas películas com mais atenção. Depois do arrebatamento que senti com Mystic River, que revi há poucos dias com a mesma admiração, chega esta película perturbadora centrada num ginásio decadente de Los Angeles. Três desempenhos portentosos - o homem envelheceu como o vinho do Porto à frente e atrás da câmara. Hillary é o cordeiro que se imola ao american dream. Freeman preenche o desenrolar da estória com o papel de narrador e de reserva moral. É rude, é cruel, é tremendamente humano. Há situações por explicar - a razão da ruptura familiar de Frankie, por exemplo - o que faz com que o espectador seja forçado a tirar as suas ilações pessoais deste conto trágico. Assumindo o lugar comum diria que este filme é um directo nos queixos. Imperdível.