domingo, fevereiro 13, 2005

A cavalo no Diabo



viva a demagogia viva, viva os senhores que se encostam à saída de cena da mais antiga prisioneira portuguesa, encerrada há décadas numa cela eclesiática, para fazer campanha. Com o Sr Lopes já sabíamos no que é que dá a não-campanha - transforma-se num "apareçam cá depois de almoço". Com o Sr Portas, guerreiro pela vida, faz um belo par e os dois juntos, à laia de um olho no burro e outro no cigano, como diz o povo sabido e xenófobo, dizem "parem as máquinas que nós estamos muito comovidos". Ainda o corpo não arrefeceu e já se cavalga no Diabo para tirar proveito. Apela-se ao povo da crença, o voto católico transformado em voto catártico, como já ensaiou o cura de S. João de Brito. Em busca do milagre da multiplicação dos votos nas urnas de dia 20 fazem tudo para apelar ao valores do povo da fé, uma espécia de mole indefinida que vá de joelhos à mesa de voto e abençoe a Aparição de nova maioria de direita. Acho é que o cavalinho pode ir saíndo do sol, pois que não chove no país, se calhar Nossa Senhora afastou as águas do rectângulo lusitano da mesma forma que afastou os crudes de Prestígio. Se bem me lembro para milagre já temos o cabeça de lista de Santarém pelo CDS, que chega a secretário de estado (com letra pequena) por gostar de ir à praia e andar de barco. Eu também vou molhar os joelhos ao mar sempre que posso e em menino até andei nos barquinhos do lago do Bom Jesus. E cargos aqui por casa não abundam, que injustiça soez. E já dou de barato o milagre da chegada ao poder do homem do cabelinho impossível, nómada errático à frente dos portuguesinhos, mais à nora que o Cabral que esbarrou com o Brasil sem querer, líder de facção guerrilheira e menina, que também chora, sangra e ama e ama.
Por ora chega de passes de mágica, por muito que o Sr Portas ande sempre com os "senhores padres" na boca. Se bem me lembro, o Sr Jesus também expulsou ao pontapé e bofetada os vendilhões do templo, com imprecações à mistura. E vendilhões com mais lábia do que esta dupla dinâmica da direita à portuguesa não há, Arre burro que amanhã é sexta, sericotelho, bacalhau, azeite e alho que amanhã é de trabalho, com voto fútil, amor a Portugal e estabilidade das mentes paralisadas com tão lauto espectáculo. Não há memória de trazer como bandeira de valores na recta final de campanha eleitoral uma idosa detentora de um segredo de polichinelo, regado a homens de branco e bala no cano. Paz à sua alma que o corpo já o levam os abutres. Amen.