segunda-feira, julho 26, 2004

Mnemónicas
 
percorro a linha azul do metro, como é meu hábito diário, e encontro pela enésima vez a criancinha de tez romani, que toca acordeão enquanto transporta no ombro um mini-cão de caixa de esmolas pendurada na boca. Porém desta vez assaltou-me um pensamento completamente novo e a política à portuguesa entram-me pelas meninges e dá-se um baralha e volta a dar graças a um fait-divers de mobilidade urbana.
De repente, na minha cabeça, a criança kalderash é santana lopes, na pose de primeiro encarregue dos destinos da nação, apropriadamente afivelado a um instrumento de diversão - o pão e circo mas sem pão.  Ao ombro leva paulo portas que faz pose de Estado embora seja de tamanho diminuto e a meia garrafa de água que leva presa aos dentes ainda vai dar para pagar uma tranche dos submarinos.
Há dias em que nem devia abrir os olhos.