sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Desnuda

Milhões e milhões de espectadores a assistir à final de um jogo que mais é desfile de Carnaval que jogo jogado. Superbowl é festa, é cor, é patrocínios, é consumo de refrigerantes e baldes de litro e sandocha radioactiva. É fatiotas com chumaços nos ombros à anos 80 e capacetes redondinhos. Jogadores com pinturas de guerra, estilo camouflage das tendas de Santa Clara, ali à Feira da Ladra. No intervalo, interlúdio musical com númeo de veterana Jackson e novel sedutor Timberlake. Dueto de gigantes, à laia de licor Sheridan's branco e negro, o público rejubila no estádio e em milhões de lares, incluindo os portugueses - cortesia Sport TV - e os iraquianos - cortesia Fox News ou TV Bush. Eis senão quando a mana Jackson desnuda o seio - AAHHHH, suprema ofensa à dignidade ufana dos descendentes de George Washington. A menina cai em desgraça, não por seduzir crianças como o seu mano mas por ser atrevidota, que isso de mamocas na América só na intimidade. Celeumas várias, menina dispensada de apresentar um prémio Grammy, caras ruborescidas por todo o lado, nem parece o mesmo país onde existe a maior indústria pornográfica do mundo. Ou a pátria onde se criou em laboratório um enigma da natureza chamado Pamela Anderson.
Por tudo isto e mais alguma coisa, a cerimónia de entrega dos Grammys, tal como a dos óscares, não será transmitida em directo. Na terra da liberdade, do sonho e do prazer, teremos um pequeno delay de cinco segundos, não vá o diabo tecê-las e aparecer em cuecas. Assim dá para o corta e cola, a bem da moral e dos lares e dos patrocinadores que são gente séria e trabalhadora.
A pretexto de uma atitude de estrela em decadência, a terra da livre expressão lava mais branco. Deitem fora as sopas campbell's, o Super POP vem para limpar e dominar.